domingo, 10 de agosto de 2008

Reprodução do Trichogaster leeri

Texto e fotos: Rogério Suzart


Foto: Macho de Trichogaster leeri.



Ficha técnica:

Espécie: Trichogaster leeri (Bleeker, 1852)

Nome popular: Gurami-pérola ou simplesmente Leri.

Origem: Sudoeste asiático (Malásia, Sumatra e Burma)

Temperatura ideal: 23 - 30ºC.

pH: 6,5-7,0

dH: 4 a 8º (mole, porém, sem grandes exigências)

Tamanho: 9-14 cm

Maturidade sexual: quando alcançam tamanho superior a cerca de 6,0 cm.

Alimentação: Onívoro

Comportamento: Pacífico e de nado lento

Dimorfismo sexual:
♂ : os machos, normalmente de corpo maior e mais esguio que as fêmeas, apresentam uma coloração alaranjada suave que se estende da boca até a nadadeira anal, têm nadadeiras dorsal e anal maiores, com os últimos raios da nadadeira anal mais desenvolvidos, formando uma bela fileira de finos fios tracejados de preto e branco.

♀ : as fêmeas são pouco menores que os machos, apresentam cores mais discretas (sem o forte laranja dos machos), são pouco menores e têm o corpo sutilmente arredondado, com a região ventral abaulada, além de nadadeiras arredondadas e com limites bem definidos.


Foto: Fêmea de Trichogaster leeri

Este lindo peixe é um dos meus peixes preferidos e mais indicados para aquários comunitários, pois, apesar de adquirir um tamanho considerável, tem uma boca diminuta, o que o torna incapaz de comer os peixes menores. Seu temperamento é pacífico e seu nado é suave e lento, não causando stress aos outros peixes do aquário.

Costumam permanecer essencialmente na superficie do aquário, pois como possuem o órgão labirinto característico dos Anabantídeos, respiram o ar de fora da água, motivo pelo qual não necessitam de aeração no aquário. Porém, são peixes curiosos e promovem expedições contínuas pelo aquário, onde exploram tudo ao seu redor com as suas nadadeiras pélvicas que são adaptadas em 2 filamentos utilizados como 2 "braços" independentes.
Sua reprodução é conseguida facilmente, e acontece na forma padrão dos Anabantídeos, com os machos construindo do ninho de bolhas, abraçando a fêmea e cuidados sozinho dos ovos e filhotes.

O aquário ideal para reprodução não precisa ter grandes dimensões, mas deve ter esconderijos como plantas flutuantes pedras etc., para a fêmea descansar do assédio do macho. O aquário de reprodução não necessita de filtragem ou aeração, visto que estes peixes respiram o oxigênio de fora da água e os equipamentos de aeração ou filtragem promovem movimentação na superfície da água, o que atrapalha ou mesmo impossibilita a construção do ninho para o depósito dos ovos.

Após a colocação do casal no aquário de reprodução, esta ocorre naturalmente após cerca de 5 a 30 dias, desde que os peixes tenham idade reprodutiva e estejam bem alimentados.
Inicialmente o macho constrói um ninho de bolhas na superfície da água com sua própria saliva. Normalmente os peixes constroem seu ninho em meio a plantas de superfície, troncos, cantos do aquário ou qualquer coisa que promovam alguma sustentação ou segurança ao ninho. Alguns criadores de Anabantídeos usam pequenos pedaços de saco plástico (de 10 x 10 cm) na superfície da água, sob os quais os peixes costumam fazer seus ninhos.

Após a construção do ninho, o macho persegue insistentemente a fêmea até que esta se dirija sob o ninho, onde o macho abraça a fêmea, forçando-a a expelir os ovos. Este processo se repete muitas vezes e em cada abraço a fêmea solta cerca de 5 a 30 ovos, que são coletados pelo macho com a boca e depositado no ninho. Normalmente a desova e compõe de 300 a 1000 ovos.

Foto: Ovos de Trichogaster leeri em ninho feito pelo macho.



Ao final da desova a fêmea deve ser retirada do aquário de reprodução, pois será vista pelo macho como uma ameaça aos ovos. Assim, nesta ocasião o macho se torna violento com sua parceira e tenta deixá-la o mais distante possível do ninho, ocasião em que se convém retirá-la do aquário de reprodução.

Foto: Fazes do desenvolvimento dos ovos no ninho do Trichogaster leeri


O ninho com os ovos é cuidado permanentemente pelo macho que reforça a todo instante o ninho de bolhas. Os ovos têm uma coloração amarelo opaca e se desenvolvem rapidamente. Com apenas 48 horas eclodem e os alevinos recém nascidos promovem pequenos nados verticais até que consumam todo o conteúdo vitelino. O macho ampara e coleta com a boca os filhotes que caem do ninho e não conseguem retornar sozinhos, recolocando-os no ninho novamente.


Foto: Macho de Trichogaster leeri cuidando do ninho e protegendo os ovos.


Após 48 horas, os pequenos peixes, com cerca de 3 mm, já consumiram todo o teor do saco vitelino e inicial o nado em posição horizontal em busca de alimento. Neste momento é interessante que seja retirado o macho do aquário de reprodução, uma vez que os filhotes já se tornaram independentes. A coleta do macho pode ser feita com a mão do aquarista, pois a rede de coleta pode capturar também alguns filhotes.

Foto: Filhotes de Trichogaster leeri com cerca de 36 horas de vida.

A alimentação do filhotes deve ser o mais variada possível, compondo-se especialmente de microorganismos vivos tais como: infusórios, microvermes, náuplios de artêmia recém eclodidos, rotíferos etc. Pode-se ainda complementar a alimentação dos alevinos com gema de ovo cozida (diluída em água e despejada diretamente no recipiente dos filhotes), com ração em pó para alevinos etc., mas estes alimentos sujam excessivamente a água, pelo que se convém oferecer-lhes em porções muito moderadas.

Os filhotes crescem rapidamente, se bem alimentados, com cerca de 3 meses já adquirem o tamanho comercial de aproximadamente 7,00 cm.

O casal reprodutor recupera-se bem do stress da reprodução, estando pronto para reproduzir novamente após 10 a 20 dias.

Um comentário:

Alexandre Muzzio disse...

Parabens pelo blog! Continue com estas postagens ótimas!